Não saberei nunca
dizer adeus.
Afinal,
só os mortos sabem morrer.
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser.
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo.
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos.
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca.
Nenhuma palavra
alcança o mundo,
eu sei.
Ainda assim,
escrevo.
Mia couto
2 comentários:
Por vezes, gritar para o papel é a única coisa que nos acalma...
Mia Couto é genial!
Gostei do espaço :)
obrigada filipa :) este poema de mia couto é muito bom! :)
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